Gases tóxicos e proteção respiratória

No momento em que a humanidade embarcou na era industrial, não apenas moldamos metais e máquinas, mas também libertamos incontáveis volumes de gases que, se não forem adequadamente controlados, têm o potencial de moldar nosso próprio destino. Estes vapores invisíveis, muitas vezes mascarados pela promessa do progresso, carregam consigo o peso de riscos à saúde que podem ser tão mortais quanto qualquer máquina descontrolada. A inalação de gases tóxicos na indústria não só põe em perigo a vida dos trabalhadores, mas também o bem-estar das comunidades circundantes e, em alguns casos, o equilíbrio do nosso próprio ecossistema. A proteção respiratória para esses processos industrais, portanto, não é apenas uma questão de conformidade ou precaução, mas um dever moral e ético que tem implicações que vão muito além dos muros das fábricas. 

Não por outra razão, quem trabalha em ambientes de risco deve conhecer quais são os gases considerados tóxicos alvo dos seus processos de transformação, seus impactos para a saúde e quais são as boas práticas que devem ser adotadas para evitar acidentes. Além disso, é essencial conhecer os melhores equipamentos e medidas de proteção respiratória a serem tomadas visando minimizar riscos e danos no trabalho. 

Gases tóxicos: entenda quais são os tipos

De maneira genérica, gases tóxicos são substâncias químicas que, quando inaladas, podem trazer danos à saúde. Esses gases podem ser de três tipos: os oxidantes, os inertes e os inflamáveis.

Oxidantes

Gases oxidantes são aqueles que contribuem para o processo de combustão, podem ou não ser inflamáveis. Alguns exemplos de gases oxidantes são o ar, cloro, flúor, óxido nítrico, dióxido de nitrogênio e o oxigênio.

Inertes

Gases inertes são aqueles que não reagem com outros gases. Quando colocados em um ambiente fechado ou espaços confinados, eles reduzem a quantidade de oxigênio causando asfixia e podem levar rapidamente a morte. Esses gases são amplamente utilizados no sistema de extinção de combustão. Alguns exemplos de gases inertes são: argônio, dióxido de carbono, hélio, neônio, nitrogênio e xênon.

Inflamáveis

Gases inflamáveis são aqueles que em conjunto com o ar ou oxigênio na concentração correta podem gerar uma explosão. Alguns exemplos são o acetileno, amônia, arsina, gás butano, monóxido de carbono, ciclo propano, etano, etileno, cloreto de etila, hidrogênio, ISO-butano, metano, cloreto de metila, propano, propileno, silano. 

Ter conhecimento sobre os gases tóxicos e suas características não é apenas um detalhe. Afinal, isso determina quais serão os equipamentos de segurança que tanto trabalhadores quanto o ambiente precisam ter, bem como, quais são os tipos de medidas e treinamentos que devem ocorrer com a finalidade de prevenir danos e acidentes. 

Gases tóxicos e ambiente de trabalho

Existe uma variedade grande de ambientes de trabalho cuja presença de gases tóxicos está relacionada com a própria atividade realizada nesses locais. A presença desses gases é muito comum principalmente em empreendimentos agrícolas e também nas indústrias.

Indústrias

Construção civil, produção de produtos químicos, metalurgia e petroquímica são apenas alguns exemplos de indústrias cuja presença de gases tóxicos é bastante comum. Em geral, eles decorrem do próprio processo produtivo, que gera gases como o monóxido de carbono, dióxido de enxofre, amônia, entre outros, como subprodutos da combustão ou outros processos. 

Agricultura

Trabalhadores rurais também podem estar expostos a gases tóxicos, em geral, provenientes de pesticidas, agrotóxicos e também fertilizantes. A exposição a gases como sulfeto de hidrogênio ou amônia podem ser prejudiciais à saúde desses trabalhadores. 

Empresas prestadoras de serviços de limpeza industrial

Empresas que realizam limpeza industria, restauração e reforma de áreas de processo, manutenção de vasos, tanques, silos e trocadores de calor são alguns processos que podem trazer riscos de contaminação do ar nos ambientes de trabalho, em espaços confinados ou no tratamento de superíficies como pintura e jateamento com granalha.

Efeitos da exposição a gases tóxicos

A exposição a gases tóxicos pode trazer uma série de impactos à saúde, como explicamos. Dependendo do tipo de gás, da concentração no ambiente e do tempo de exposição, as consequências podem ser leves, moderadas ou graves.

Irritação

A irritação é um dos efeitos mais leves e comuns da exposição aos gases tóxicos. Como eles nem sempre são visíveis, é o primeiro efeito que o trabalhador costuma sentir. A irritação nas vias respiratórias pode gerar sintomas como tosse, espirros, dor de garganta e dificuldade respiratória. 

Problema cardiovasculares

A exposição a certos gases, como é o caso do monóxido de carbono, pode afetar o sistema cardiovascular, gerando tontura, náusea e batimentos cardíacos irregulares. Também podem ocorrer desmaios, o que torna a exposição a esse gás algo bastante arriscado. 

Danos aos pulmões

A inalação de alguns gases tóxicos durante um longo prazo pode  também pode causar danos aos pulmões e, consequentemente, doenças crônicas. Bronquite, pneumonite química e até fibrose pulmonar são exemplos disso. 

Intoxicação

Quando um trabalhador é exposto a concentrações elevadas de um determinado gás tóxico, ele pode ter uma intoxicação. Em situações assim, é comum apresentar tontura, convulsões, perda de consciência e, em casos mais graves, a morte. 

Outras doenças 

Além do dano pulmonar, a exposição aos gases tóxicos também pode gerar danos neurológicos e câncer. 

É importante destacar que, além de adotar medidas e equipamentos de proteção respiratória, os trabalhadores devem ser treinados para identificar os efeitos dos gases tóxicos e assim evitar acidentes. 

Também deve existir uma preocupação com a adoção de bons equipamentos e a devida manutenção visando a segurança e integral proteção. Em certos casos, também é possível ocorrer acidentes em razão da falta de proteção. 

Medidas de proteção respiratória

Em ambientes onde a presença de gases tóxicos é possível, é fundamental adotar e incentivar medidas de proteção. Já falamos anteriormente aqui no blog sobre como implementar o Programa de Proteção Respiratória. Contudo, vale a pena ressaltar algumas das principais estratégias que podem ser adotadas.

Identificar os riscos

Diferentes tipos de gases tóxicos contam com diferentes propriedades, o que influencia diretamente nos riscos e, consequentemente, no tipo de equipamento e medida de proteção a ser adotada. Para identificar os riscos é fundamental promover avaliações e análises de segurança. Esse é o primeiro passo antes de montar um planejamento visando a proteção respiratória. 

Controle de emissões

Para determinados tipos de gases, a redução de emissões também é um ponto a ser considerado. Isso pode ser feito por medidas diversas como controle de processos, sistemas de ventilação adequados, uso de equipamentos de proteção individual (EPI) entre outros. 

Treinamento e educação

O treinamento dos trabalhadores também é um aspecto importante da proteção respiratória. Afinal, a educação é essencial para que eles próprios consigam prevenir acidentes, bem como, façam o uso correto dos equipamentos de proteção. 

Uso de equipamentos de proteção

Existem diversos tipos de equipamentos de proteção respiratória que podem ser utilizados visando evitar ou prevenir acidentes envolvendo a inalação de gases tóxicos. Além de máscaras de cartucho (purificadores), o uso de respiradores de linha de ar, sensores e equipamentos de identificação de gases também podem ser necessários. 

Monitoramento de exposição

Outro aspecto importante da proteção respiratória é o monitoramento de exposição. Regularmente, gestores devem promover uma avaliação e acompanhamento da exposição para garantir que os limites sejam respeitados e as medidas de segurança adotadas sejam eficazes. 

Manutenção e testes

Como mencionamos, a falta de manutenção dos equipamentos de proteção respiratória também pode ser a causa de inúmeros acidentes. Assim, é fundamental manter um cronograma para que todos os equipamentos sejam regularmente testados e mantidos, garantindo assim que funcionem regularmente. 

Plano de emergência

Por fim, é fundamental ter um plano de emergência bem definido o qual todos estejam cientes. É importante saber o que fazer em casos de vazamentos, situações de emergência ou ocasiões que demandem a evacuação do local. Um plano de resposta a emergências deve ser elaborado pelos gestores e compartilhado e testado junto aos trabalhadores. 

Tipos de equipamentos de proteção respiratória

Cada equipamento de proteção respiratória é projetado para atender diferentes necessidades e tipos de exposição. Alguns dos principais são:

Máscaras respiratórias 

Oferecem proteção integral e são eficazes quando usadas com os filtros apropriados.

Máscaras do tipo purificador de ar 

Máscaras do tipo purificador de ar, também conhecidas como respiradores purificadores de ar (APR, do inglês “Air-Purifying Respirators”), são dispositivos de proteção respiratória projetados para remover contaminantes específicos do ar que o usuário respira. Elas funcionam passando o ar ambiente através de um ou mais filtros para purificar o ar antes que ele seja inalado pelo usuário.

Existem vários tipos de respiradores purificadores de ar, e eles podem ser classificados com base em suas características e aplicações:

  1. Respiradores de Partículas: São projetados especificamente para proteger contra partículas suspensas no ar, como poeiras, névoas e fumos. Um exemplo comum é o respirador N95, que filtra pelo menos 95% das partículas em suspensão.
  2. Respiradores com Cartuchos e Filtros Químicos: Estes são projetados para proteger contra gases e vapores específicos. Eles usam cartuchos ou filtros que contêm um material absorvente ou adsorvente, como carvão ativado, para capturar os contaminantes.
  3. Respiradores Combinados: Estes oferecem proteção contra partículas, bem como gases e vapores, combinando as características dos dois tipos anteriores.
  4. Máscaras de Meia Face e Máscaras de Face Completa: Os respiradores de meia face cobrem o nariz e a boca, enquanto os de face completa cobrem todo o rosto, fornecendo também proteção para os olhos. Os respiradores de face completa geralmente oferecem um nível mais elevado de proteção em comparação com os de meia face.

Para que um respirador purificador de ar seja eficaz, é crucial que:

  • Ele seja selecionado corretamente com base nos riscos específicos do ambiente de trabalho.
  • Seja bem ajustado ao usuário para garantir uma vedação adequada.
  • Os filtros e cartuchos sejam trocados regularmente e estejam adequados ao tipo de contaminação presente.

Finalmente, é importante notar que os respiradores purificadores de ar são eficazes apenas quando o nível de oxigênio no ambiente é adequado. Em atmosferas com baixo teor de oxigênio ou em situações onde a contaminação é extremamente alta e imprevisível, são necessários outros tipos de proteção respiratória, como respiradores de fornecimento de ar.

São equipamentos avançados que filtram o ar antes de que ele seja iniciado, proporcionando alta proteção não apenas contra os gases tóxicos, como também partículas.

 

Respiradores de adução de ar, também conhecidos como respiradores de fornecimento de ar (ou SAR, do inglês “Supplied Air Respirator”), são dispositivos de proteção respiratória que fornecem ao usuário um suprimento contínuo de ar limpo e respirável de uma fonte externa, ao invés de filtrar o ar ambiente como os respiradores purificadores de ar.

Existem várias configurações e tipos de respiradores de adução de ar:

  1. Respiradores de Linha de Ar: Estes estão conectados a uma fonte de ar comprimido por uma mangueira, fornecendo ar respirável ao usuário. A fonte de ar comprimido deve estar localizada em uma área onde o ar é limpo e livre de contaminação.
  2. Máscaras de Fuga de Emergência: Estas são usadas em situações de emergência para fornecer um suprimento de curta duração de ar respirável para permitir que o usuário saia de um ambiente perigoso.
  3. SCBA (Self-Contained Breathing Apparatus) / Conjunto autônomo – Máscara autônoma: Comumente conhecido como “aparelho de respiração autônoma”, este tipo de respirador possui um tanque de ar comprimido que o usuário carrega nas costas. É usado principalmente por bombeiros e em situações onde o ar ambiente é imprevisível ou imediatamente perigoso para a vida e a saúde (por até 30 minutos em média). Através de um cilindro de pequenas dimensões e com alta pressão, sistema de controle de pressão, mangueira (traquéia) e máscara  é possível obter uma reserva de ar suficiente para uma atividade de resgate ou emergência como um incêndio ou a entrada em um ambiente com gases tóxicos. 
  4. Respiradores de Circuito Aberto e Fechado: No sistema de circuito aberto, o usuário inala o ar do tanque de suprimento e exala no ambiente. No sistema de circuito fechado, o ar exalado é recirculado, passa por um processo de remoção de CO2 e é enriquecido com oxigênio antes de ser inalado novamente.

Vantagens dos respiradores de adução de ar:

  • Oferecem proteção em ambientes onde os níveis de contaminação são tão altos que os purificadores de ar não seriam eficazes.
  • Permitem trabalhar em atmosferas com baixo teor de oxigênio ou em ambientes onde o ar é imediatamente perigoso para a vida e a saúde.

Desafios:

  • A necessidade de um suprimento contínuo de ar limpo e a logística associada ao fornecimento e à manutenção.
  • Limitações de movimento devido à conexão com uma mangueira ou ao peso do equipamento.

Para que um respirador de adução de ar seja eficaz, é essencial que a fonte de ar esteja livre de contaminação, que o equipamento seja inspecionado e mantido regularmente e que o usuário receba treinamento adequado sobre como usá-lo corretamente.

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Detectores de gases

Utilizados especialmente em ambientes confinados, os detectores de gases são essenciais na identificação de gases nocivos, principalmente o monóxido de carbono e o gás sulfídrico, metano e estireno e o dióxido de carbono. 

A exposição a gases tóxicos é uma ameaça real à saúde humana em muitos ambientes de trabalho e situações do dia a dia. A compreensão dos riscos associados aos gases tóxicos e a implementação de medidas de proteção respiratória adequadas são cruciais para prevenir danos à saúde e salvar vidas. Trabalhadores e empregadores têm a responsabilidade compartilhada de garantir um ambiente de trabalho seguro, onde a proteção respiratória é uma prioridade.

Lembre-se de que a escolha do equipamento de proteção respiratória deve ser baseada em uma avaliação de riscos específica e nas necessidades individuais. A capacitação dos trabalhadores e a manutenção adequada dos equipamentos são essenciais para garantir sua eficácia. Em última análise, a proteção respiratória não é apenas uma medida de segurança, mas um investimento na saúde e bem-estar daqueles que trabalham em ambientes potencialmente perigosos.

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